sábado, 6 de fevereiro de 2010

Quimera

Eu quis um violino no telhado

e uma arara exótica no banho.

Eu quis uma toalha de brocado

e um pavão real do meu tamanho.

Eu quis todos do cheiros do pecado

e toda a santidade que não tenho.

Eu quis uma pintura aos pés da cama

infinita de azul e perspectiva.

Eu quis ouvir as Carmina Burana

na hora da orgia prometida.

Eu quis uma opulência de sultana

e a miséria amarga da mendiga.

Eu quis um vinho feito de medronho

de veneno, de beijos, de suspiros.

Eu quis a morte de viver dum sonho

eu quis a sorte de morrer dum tiro.

Eu quis chorar por ti durante o sono

eu quis ao acordar fugir contigo.

Mas tudo o que é excessivo é muito pouco.
Por isso fiquei só, com o meu corpo.

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