sábado, 2 de julho de 2011

AJUDA-ME!

Ajuda-me. Este cansaço pesa nas palavras e eu não digo mais o sabor da alegria, o riso da manhã, o poder da montanha, o murmúrio das marés, o crepitar do amor em nossas mãos. Ajuda-me. A inclinação das ruas tornou-se insuportável e eu preciso subi-las para abraçar a memória da pele das rosas, do veludo do café, do abrigo das madeiras. Eu sei, as andorinhas voltarão ao recorte do telhado, o plátano será mais uma vez a capa do meu verão, saberei ainda adivinhar os barcos na transparência das casas, soltarei o riso na indecisão dos nevoeiros, na adolescência dos peixes vermelhos. Quero trepar a escada dos sonhos adiados, das promessas de pão, do brilho do oiro, da luz una e dividida, da paz, da paz. Não me deixa este cansaço de mil vidas no meu peito. Ajuda-me. Eu espero.

2 comentários:

  1. O bom disto, é sabermos que nunca estamos sós...

    A ajuda está cá... e por isso não é de concretizar sonhos. Não é cansaço.É necessidade de parar.

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  2. Muito Obrigada por me ter lembrado e feito sentir que:
    ..."O bom disto é que nunca estamos sós"!...

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